Depois do pôr-do-sol...

Rezei a morte do sol! Sim, o sol morre visto que nasce. Impactei-me com aquele poderoso astro doador de vida desaparecendo e arrastando consigo a luz que dava lugar as trevas. As nuvens, tingidas do vermelho sangue do morto sol, aglutinaram-se no horizonte e diziam já escurecidas: noite!
Depois do pôr-do-sol, voltei para casa ouvindo o coaxar das rãs que antes não me dizia nada. Eu, agora, as escutava! Elas entoavam um canto fúnebre que ecoava dentro de mim. Uma aguda lamúria que me traspassava corpo, espírito e alma. Cantavam porque o sol morreu!
Fazia ainda noite quando me levantei para esperar o ressurgir do sol. Na madrugada, senti o frio abraço da morte no vento gélido que na minha pele roçava; vi a incerteza pintada de escuridão; escutei a lamúria das insistentes rãs; cheirei o perfume da angústia; saboreei a saudade... Meus cinco sentidos me trouxeram para o presente! Sem renegar o meu passado! Entendi-me desejo que se abre ao futuro! Começava já a ressurgir no horizonte o esperado! O sol!
As rãs se calaram. O canto de louvor dos pássaros enchia o escuro vazio do desespero à medida que a luz do sol se espraiava. O cheiro de mato me envolvia. O calor da alegria me abraçava. O sabor da vida voltava. A natureza em uníssono gritava! O cosmo por inteiro inspirava e expirava: a morte não pode ser a última Palavra.

Franklin Alves Pereira,sj

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